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A compra das Casas Bahia
Coluna Econômica - 07/12/2009
Nos anos 70, a partir da Escola de Chicago, teve inicio uma revisão nos conceitos de concentração de poder econômico. Os Estados Unidos sempre foram ciosos da competição na economia, mas o foco sempre foi o consumidor: a competição era relevante porque permitia que o consumidor fosse bem atendido.
A Escola de Chicago desenvolveu a tese de que, em muitos casos, grandes fusões e incorporações beneficiavam o consumidor – pelos ganhos de escala – mesmo que diminuindo a competição no setor. A lógica dos grandes grupos era ampliar mercado, razão pela qual continuariam perseguindo os menores preços e o melhor atendimento.
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Mudou também o conceito de mercado relevante – isto é, aquele no qual se dá a competição. Com a globalização, mercado relevante passou a ser o mundo. Na visão norte-americana, se uma empresa dominante abusasse no mercado interno, abriria espaço para importações e, em um segundo momento, para uma rápida mobilização de capitais que viabilizaria empresas competidoras.
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Toda essa discussão perpassou a reformulação do CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) no Brasil. O vergonhoso episódio da autorização para a compra da Antárctica pela Brahma – diretamente conduzida pelo presidente do órgão, Gesner de Oliveira – de certo modo desmoralizou o instrumento que estava sendo remodelado.
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Digo isso a respeito da aquisição das Casas Bahia pelo Pão-de-Açucar.
Por qualquer ângulo que se olhe, não há justificativa de ordem econômica para que o CADE a aprove.
Primeiro, porque sendo varejo, controlando a ponta de venda, não há ganhos sinérgicos. Passa a ter uma posição dominante tanto em relação aos consumidores quanto em relação aos fornecedores.
Hoje em dia, o poder das grandes redes de supermercados permite que imponha condições onerosas aos fornecedores – pagamento por uso de espaços na gôndola, lançamento de produtos com a marca do supermercado. Embora no caso, a integração seja apenas das vendas de eletroeletrônicos – mercado onde os fabricantes e importadores têm poder de fogo.
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Além disso, há enormes barreiras de entrada para o ingresso de novos competidores no mercado. Montar uma rede exige investimentos em pontos comerciais adequados. Por si só, é um impeditivo formidável para a concorrência.
Não há razões de ordem estratégica nacional para permitir a fusão. Não se vai competir em outros mercados, aumentará a concentração no setor e a entrada de pequenos e médios concorrentes. Basta correr o interior para analisar a dificuldade da consolidação de comércio local em médias localidades.
Seis meses atrás, a Globex – holding que controla o Pão de Açúcar – adquiriu o Ponto Frio.
De acordo com comunicado divulgado pela companhia, o objetivo da associação é unir as operações de Ponto Frio, Casas Bahia e Extra Eletro, sob o controle de uma única sociedade. A proposta também inclui a unificação dos negócios de comércio eletrônico de bens duráveis atualmente desenvolvido pelas três empresas"
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