quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

QUESTÃO DE LEMBRAR

PARTE DO QUE LI EM http://scielo.br/scielo
e São Pulo em Perspectiva - Democracia


ESCÂNDALOS POLÍTICOS QUE ECLODIRAM NO GOVERNO DE FHC

Será dentro desta ótica, deste enfoque, que serão estudados dois casos exemplares de escândalos políticos divulgados na última gestão do governo de Fernando Henrique Cardoso: a violação do painel do Senado e o caso Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), Banpará (Banco do Estado do Pará) e TDAs (Títulos da Dívida Agrária), envolvendo o senador Jader Barbalho.
Para analisar os escândalos políticos optou-se por utilizar as revistas semanais ISTOÉ, da Editora Três, e a Veja, da Editora Abril. As duas revistas veicularam esses escândalos em várias edições e disputaram arduamente as manchetes de maior impacto, divulgando documentos e informações inéditas sobre os dois políticos envolvidos nos casos: ACM e Jader Barbalho. Enquanto a Veja centrava suas denúncias na figura de Jader Barbalho, a ISTOÉ, centrava-as em ACM.
Como compreender o atual momento político brasileiro no qual eclodem denúncias de escândalos envolvendo corrupção, quebra de decoro parlamentar, e outras tantas? Várias explicações podem ser dadas e dentre elas selecionamos as falas recentes de três atores políticos: o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, e o historiador José Murilo de Carvalho.
Numa entrevista dada ao jornal O Estado de S.Paulo (18/07/01:A4) o presidente Fernando Henrique Cardoso afirma que: "O novo que vivemos é que talvez pela primeira vez na nossa história a sociedade está passando a limpo, e o governo está deixando passar a limpo. Em vez de pensar que aumentou a taxa de corrupção, o que há é um reconhecimento (...) A sociedade está cobrando mais (...) O que está acontecendo é que o que chama a atenção é aquilo que aqui se chama de 'escândalos'(...) a mídia no Brasil tem a capacidade de antecipar processos e, assim, participa da criação de situações".
Uma matéria veiculada pelo jornal Folha de S.Paulo (20/07/01:A7) relata que Ciro Gomes está sendo processado pela Advocacia Geral da União, por ordem de Fernando Henrique Cardoso, por ter dito que o presidente "levou a corrupção ao centro do poder no Brasil", e o ex-governador, ao ser questionado de ter feito esta denúncia, diz, numa carta enviada à Executiva Nacional do PSDB, que reafirmará em juízo "sua doída convicção de que a corrupção exorbitou no Brasil nos últimos anos por omissão deste governo".
José Murilo de Carvalho por ocasião do lançamento de seu livro, Cidadania no Brasil ¾ o longo caminho, foi entrevistado pelo jornal O Estado de S.Paulo (15/07/01:D4), fazendo a seguinte avaliação: "Quanto à corrupção, não creio que haja mais dela hoje do que antes. Violência e corrupção são endêmicas no País há 500 anos, são o nosso feijão-com-arroz social. A novidade é que está havendo mais denúncias e investigações dos grandes ladrões ¾ políticos, juízes, empresários ¾, em parte graças à melhoria na atuação do Ministério Público. É humilhante para o brasileiro, mas é um passo à frente para o cidadão".
Quais as verdades expressas por esses três atores políticos? É a sociedade que mudou? A mídia que cria fatos? O governo FHC que foi omisso tendo em vista manter a sua base governista? Ou a ação contra a corrupção foi produto da atuação mais contundente do Ministério Público? Todas essas ponderações devem ser levadas em conta para tentar explicar os escândalos políticos que iremos analisar no Senado Federal, em dois momentos de um mesmo processo: a violação do painel de votação do Senado envolvendo os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL) e José Roberto Arruda (PSDB) e o caso do Banpará, Sudam e TDAs, comprometendo o senador Jader Barbalho (PMDB).

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