quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quando a imprensa boa fala coisas boas.

Classe média iraniana atrai exportadores brasileiros
Autor(es): Marcos de Moura e Souza
Valor Econômico - 24/06/2009


As exportações brasileiras para o Irã triplicaram entre 2000 e 2008 e devem ficar este ano acima do US$ 1 bilhão, marca ultrapassada pela primeira vez em 2004.
O comércio é baseado principalmente em itens alimentícios como soja, óleo de soja e carne. São produtos para os quais os países vizinhos ao Irã não são fornecedores muito competitivos se comparados com o Brasil.
Na avaliação do governo brasileiro, a classe média iraniana representa um importante atrativo comercial, com potencial para consumir produtos brasileiros de maior valor agregado.
Em 2008, o Brasil exportou US$ 1,13 bilhão para o Irã. Em 2007, as vendas atingiram o recorde de US$ 1,83 bilhão; e em 2006, US$ 1,56 bilhão. Entre janeiro e maio deste ano, as vendas somam US$ 411 milhões.
Em 2008, a empresa que liderou as vendas brasileiras para o Irã foi a Bunge, a única no ranking do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio a figurar na faixa das que exportaram mais de US$ 50 milhões entre janeiro e dezembro. Em seguida, com vendas entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões aparecem Scania, Vale, e os frigoríficos Marfrig e Bertin. A Scania informou que deixou de exportar este ano para o Irã a partir do Brasil.
As exportações brasileiras para os iranianos equivalem, em termos de receita, às vendas ao Uruguai. No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,64 bilhão ao vizinho.
Para o secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral, as vendas para o Irã, assim como para muitos países da Ásia Central, têm muito potencial para crescer porque a presença de empresas brasileiras ainda é relativamente pequena e porque o Brasil sofre nesses países menos barreiras que nos mercados tradicionais.
"O Irã tem uma grande população [70 milhões de habitantes] e uma classe média maior que a de outros países da região, o que para nós significa um potencial para ampliarmos as exportações de alguns produtos de valor agregado, de calçados e têxteis e também mais maquinário", diz Barral.
Até então, os itens que estão no topo da lista são milho em grão, bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja, carne bovina, açúcar, óleo de soja, soja em grão, chassis de automóveis, frango e semimanufaturados de aço.
A relação comercial Brasil-Irã é altamente favorável ao Brasil. Em 2008, as importações brasileiras foram de só US$ 14,7 milhões.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Irã, Farrokh Chadan, um dos principais desafios do comércio com o Irã atualmente diz respeito à dificuldade que importadores iranianos têm para que cartas de crédito emitidas por bancos do país sejam aceitas por empresas exportadoras e por bancos no exterior. "Muitos pedem a confirmação de bancos de primeira linha, o que é caro e trabalhoso."
Chadan conta que o Irã é grande comprador de commodities brasileiras por causa da competitividade do país. Mas que há também um fator político em jogo.
"Entre os motivos de o Irã se voltar mais para o Brasil para a importação desse tipo de commodity estão os problemas que temos tido com a Argentina", disse ele, lembrando que empresas argentinas poderiam em tese ter maior presença como fornecedores de carne e grãos ao país. A Argentina mantém uma relação tensa com o Irã. No ano passado, votou na ONU a favor de sanções ao país por conta de seu programa nuclear e acusa Teerã de ter tido participação no ataque a instituições judaicas em Buenos Aires nos anos 90. E chegou a pedir a prisão de autoridades iranianas, incluindo o então presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani.

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