segunda-feira, 22 de junho de 2009

São Paulo- Muro separa pobreza da riqueza.

País do futuro', Brasil se tornou 'país do presente', diz editor da ‘Economist’

Michael Reid lançou no país livro sobre a América Latina. Para jornalista, país ganhou reconhecimento em comércio e diplomacia.
Fernando Scheller Do G1, em São Paulo

Livro analisa a economia e a política da região (Foto: Divulgação)
Autor do recém-lançado “O continente esquecido – a batalha pela alma latino-americana” (Editora Campus/Elsevier, R$ 92), o jornalista Michael Reid, editor para as Américas da revista britânica “The Economist”, percebe uma clara mudança da imagem do país no cenário mundial.

“O Brasil deixou finalmente de ser o país do futuro para ser o país do presente, fazendo frente às expectativas”, afirmou, em entrevista ao G1, por telefone, desde Londres.

Reid, que cobre assuntos relacionados à América Latina há mais de duas décadas e morou em São Paulo por três anos, nos anos 90, afirma que o governo Lula tem se mostrando “mais assertivo internacionalmente”.

Para ele, o Brasil tem sido reconhecido em áreas como comércio e diplomacia, ganhando contenciosos na Organização Mundial do Comércio (OMC) e exigindo mais espaço em organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e em agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

O editor da “The Economist” diz também que, embora a sigla Bric (grupo de países emergentes que reúne Brasil, China, Índia e Rússia) tenha elementos de uma ferramenta de marketing, o país se tornou um mercado cada vez mais importante para diversas nações. Além disso, ao longo dos próximos 20 anos, diz ele, o Brasil terá papel importante dentro da economia mundial.

Efeito Chávez
Apesar de o Brasil ter se tornado mais importante economicamente nos últimos anos, o especialista em América Latina diz que, na hora de fazer “barulho” no cenário internacional, o personagem principal da região é o venezuelano Hugo Chávez, e não o brasileiro Lula.

Um dos argumentos do livro, aliás, é justamente esse: Chávez não representa as mudanças mais importantes que ocorreram recentemente na América Latina.

“Há uma mudança (mais) importante, que é a a gradual emergência e consolidação de democracias estáveis e economias de mercado”, diz Michael Reid, citando os exemplos de Brasil, Chile, México e Colômbia.

A associação entre Chávez e a América Latina é tanta que, inicialmente, o editor do livro do jornalista na América do Norte queria que o líder venezuelano tomasse a capa de “O continente esquecido”. Depois de alguma negociação, o jornalista conseguiu um compromisso: na edição em inglês, o livro traz uma fotografia dos edifícios de São Paulo em contraponto com a imagem de Hugo Chávez discursando em uma favela.

Na edição brasileira, a referência a Chávez desapareceu: a capa é dividida entre edifícios modernos de uma grande metrópole e as favelas ainda muito comuns nos países latino-americanos.

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