quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MAIS UMA UMA HOMENAGEM AO AMIGO CORTIZO


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josecortizo@oi.com.br

mostrar detalhes 22:39 (8 horas atrás)

Amigos.


Segue mais uma pequena crônica de minha super-repórter (minha filha) - nepotismo puro, mas... se Sarney pode, porque eu não?

http://oglobo.globo.com/blogs/megazine/

Enviado por Lorena Piñeiro - 7.10.2009
10h00m

Aqui. Lá. Em todo lugar.

Lá em casa todo mundo sempre foi fã de rock. Quer dizer, quase todo mundo. As lembranças que envolvem minha mãe têm como trilha sonora o ritmo melódico dos irmãos Carpenters. Ela começava a arrumar a casa e, junto com o cheiro suave dos produtos de limpeza, vinha o "lá-lá-lá" de "Sing a song". Mas meu pai sempre foi fã de rock. Lembro de escutar os mesmos CDs em loop, uma mistura que trazia Rolling Stones, The Who e Queen para o banco do carona. Sem nem ao menos saber qual era qual - ou o que eles estavam dizendo - eu e meu irmão competíamos com Freddie Mercury para ver quem cantava "We're the champions" mais alto.

Mas, se a memória não falha, uma das primeiras músicas era sempre "Yellow Submarine", dos Beatles. Mal abríamos a porta do Uno prata - que graças à mudança de emprego de papai se transfigurou em um Vectra vermelho - e o Ringo começava: "In the town where I was born...". Para ser bem sincera, eu nem achava a música tão boa assim. Porém, era uma das poucas que conseguia entender aos 8 anos. O ritmo repetitivo e contagiante era irresistível e lá íamos eu e meu irmão, balançando a cabeça enquanto o carro corria no asfalto e nós imaginávamos o mar.

Por algum tempo, essa foi minha referência do que eram os Beatles. "Twist and shout", "Anna", "Girl" e "Let it be" completavam meu repertório ridículo. Mesmo com uma lista tão irrisória, os 4 ingleses exerciam um fascínio estranho sobre mim. Até que numa bela tarde de inverno (obviamente, essa é uma referência inventada), resolvi conhecer os Beatles. Conhecer mesmo. Então, crianças, esta é a bela e fascinante história de como eu me apaixonei pela banda.

Mas por que eu estou entediando vocês com minha infância? Tudo isso foi só para dizer que os Beatles estão de volta - não que alguma vez eles tivessem sido esquecidos. "The Beatles: Rock Band" é o sonho de consumo de 10 entre 10 guitarristas nerds de Wii. Estou incluída nessa lista. Além disso, os CDs remasterizados e a proximidade do provável-show-lendário do Paul, no Maracanã, só contribuem para reiterar a frase do John: os Beatles são mais populares do que Jesus. Pelo menos para o Google.

Com toda essa febre de Liverpool, os beatlemaníacos estão em êxtase! E eu senti a necessidade de extravasar meu vício pela banda dividindo com vocês minha lista das 10 músicas mais interessantes dos Beatles. É importante esclarecer que existem pessoas verdadeiramente habilitadas para fazer uma lista das 455.000 canções que você deve ouvir antes de morrer ou coisas do gênero, mas essa não é minha proposta. Nem sequer afirmo que são as melhores músicas dos Beatles - até porque esse é um conceito extremamente subjetivo. Mas com certeza são canções que fizeram toda diferença na história do rock e da música.

Something - Concordo com Frank Sinatra quando ele diz que "Something" é uma das maiores canções de amor. Não faz juras de paixão eterna. George Harrison canta a dúvida e a certeza de que existe alguma coisa, sem necessidade de maiores definições e promessas.

Maxwell's Silver Hammer - Leva um certo tempo para notar que a melodia infantil e doce fala de um serial killer e seu martelo de prata. Depois que você percebe, é impossível ouvir as agudas marteladas de Maxwell sem olhar para trás, um tanto receoso.

Eleanor Rigby - Não tenho uma música favorita dos Beatles, mas, se precisasse escolher uma, Eleanor Rigby estaria entre as candidatas. É difícil não se perguntar "All the lonely people, where do they all belong?" ao ouvir a história da mulher que juntava o arroz no chão da igreja após os casamentos. Tudo isso ao som de violinos.

I am the Walrus - Uma vez li a descrição perfeita: "Surrealismo capturado em uma canção". "I am the walrus" faz tantas referências - absolutamente incompreensíveis, algumas vezes - que provavelmente levaria algumas páginas tentando explicar. King Lear, Through the Looking Glass... acabaria com toda a graça. Eu sou ele, você é ele, você sou eu e nós estamos todos juntos. Goo Goo G'joob.

A Day in the Life - Uma das parcerias mais brilhantes entre Paul e John. O som ensurdecedor da orquestra e o "I'd love to turn you on" já foram interpretados de diversas maneiras. Mas, na minha humilde opinião, a música fala de anestesia, de inércia, de como permanecemos impassíveis diante das notícias, dos acontecimentos e dos dias que passam.

Nowhere Man - Além da maravilhosa estrutura melódica, as letras de "Nowhere Man" me encantam. Já conversei com algumas pessoas que não enxergaram nada de mais, mas provavelmente me identifico com o homem de lugar nenhum. "Isn't he a bit like you and me?".

The Fool on the Hill - Mais uma vez, a estrutura melódica e o instrumental me conquistaram completamente. Posso ouvir essa música por horas. E o personagem retratado é tão curioso que nem sequer consigo formar uma opinião positiva ou negativa sobre ele.

Hey, Bulldog - Rock ligeiramente mais agressivo, com um tom de blues e direito a latidos. O que poderia ser melhor?

Come Together - Para mim, essa música pode ser sobre tudo, menos sobre Timothy Leary e sua campanha contra Reagan. Nem tento sugerir outra interpretação, o melhor é ser levado pela voz do John e lembrar que essa é a canção de abertura do Abbey Road. Apesar de não ter uma música favorita, tenho um álbum favorito. E é esse.

Golden Slumbers/Carry that Weight/The End - O final perfeito para o álbum perfeito - sem contar o genial bônus de alguns segundos, "Her Majesty". O melhor pout-pourri da história, quase como revisitar a carreira dos Beatles. Aliás, a última frase resume muito bem toda a mensagem da obra dos Fab Four: "And in the end, the love you take is equal to the love you make". Tão simples e tão brilhante.

Estou me sentindo incrivelmente mal por não ter incluído algumas de minhas músicas favoritas como "Happiness is a warm gun", "While my guitar gently weeps", "Across the Universe", a fofa "Honey Pie" e praticamente todas as outras. Mas acredito que já excedi o número aceitável de linhas para um blog! Peço desculpas a quem não gosta da banda e não encontrou o mínimo sentido nesse post. Mas também recomendo que deem uma nova chance aos Beatles, sob o risco de aderir a esse grupo de fãs obcecados.

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