quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Serra vê problema de 'comportamento da população' - O Globo

Chuva em SP: Kassab nega caos na cidade; Serra vê problema de 'comportamento da população' - O Globo: "Fábrica de papel ficou submersa em Caieiras/Rfeprodução TV Globo

SÃO PAULO - Um dia depois de mais de 14 horas de chuva ininterrupta ter isolado a cidade de São Paulo, provocado o transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros e deixado mortos na capital e na Grande São Paulo, o prefeito da cidade, Gilberto Kassab (DEM), negou situação de caos no município. O governador José Serra também falou sobre a chuva e disse que há um 'problema de comportamento da população' ao jogar lixo em córregos e rios da cidade. Segundo ele, isso agrava o assoreamento dos rios.

Para Kassab, os paulistanos sabiam o que estavam fazendo e para onde deveriam ir, por isso ele não aceita a ideia de que a cidade passou por momento caótico. Alguns motoristas passaram até sete horas em congestionamentos.


- Foi um dia difícil para a cidade, mas não foi o caos. O caos é quando se perde o controle e você não sabe as causas para o que aconteceu. (Quando se tem) uma cidade sem rumo - disse o prefeito.

E acrescentou:

- Na terça, tínhamos um fato específico, uma chuva intensa, localizada, além do transbordamento do rio Tietê. Mas todos sabíamos o que estavámos fazendo e para onde iríamos. O caos é diferente. O caos é o caos - disse ele, durante inauguração de um laboratório de saúde, nesta quarta-feira.

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O governador de São Paulo disse que a resposta para o problema das enchentes é fazer mais investimentos. Mas ressaltou, entretanto, que o lixo jogado pela população em córregos e rios agrava o problema das enchentes. Para ele, esse é um problema de comportamento.

- A resposta para o problema é fazer investimentos, sem dúvida. Mas do outro lado, a questão do lixo também é importante. O lixo jogado em córregos e rios piora o assoreamento. É um problema de comportamento da população. Em 2010, vamos fazer uma grande campanha sobre isso - afirmou o governador.

Mais duas mortes confirmadas nesta quarta

Nesta quarta, mais duas mortes pela chuva foram confirmadas. Ambos são homens e morreram afogados depois de serem levados pela enxurrada em córregos nas cidades de Cajamar e Itapevi, na Grande São Paulo. Só em dezembro, os mortos pela chuva no estado chegam a 23.

O corpo de um homem que caiu em um córrego que atravessa o município da Itapevi, na Grande São Paulo, foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros de Barueri, por volta de 14h desta quarta-feira. Segundo os Bombeiros, o corpo da vítima foi encontrado num córrego na cidade de Jandira, também na grande São Paulo, preso a entulhos e galhos nas margens. Jandira é uma cidade vizinha a Itapevi. Ele estava desaparecido desde a tarde de terça-feira.

A Defesa Civil de Cajamar também confirmou a morte de Antonio Carlos Vasco, que foi levado pela enxurrada do córrego Ribeirão dos Cristais, na Vila União, em Jordanésia. Ele atravessava uma ponte improvisada e seu chinelo caiu na água. Ele voltou para pegar, se desequilibrou e caiu na água, sendo arrastado pela correnteza. O corpo só foi encontrado na manhã desta quarta, a 300 metros do local da queda. No estado, são 22 as mortes causadas pela chuva apenas nos 10 primeiros dias de dezembro.
Veja imagens dos estragos causados pela chuva

Nesta quarta, novos deslizamentos de terra aconteceram. Nas estradas, caíram barreiras e houve interdições. No Parque São Rafael, Zona Leste da capital paulista, oito barracos interditados pela Defesa Civil foram abaixo ainda no fim da tarde de terça. Eles ficam no mesmo local onde o catador de papel Francisco Oliveira Lima, 45 anos, morreu soterrado durante a madrugada de terça. Por volta de 20h, um barraco ainda ocupado também desabou, ferindo um casal sem gravidade. Os dois ficaram soterrados até a cintura. Sem ter para onde ir, muita gente quer ficar na área de risco, onde 220 moradias foram interditadas pela Defesa Civil.

Em Itaquera, também na Zona Leste, uma casa erguida em barranco desabou por volta de 2h45. Não houve mortos. Outras três casas vizinhas foram interditadas. Os bombeiros ainda não sabem se a causa foi também a chuva, mas parte do teto de um supermercado despencou e feriu duas pessoas na Avenida Flamingo, na Vila Curuçá, Zona Leste.

Em Caieiras, na Grande São Paulo, uma das maiores fábricas de papel do país amanheceu ainda alagada. Bobinas de papel boiavam nas águas e o cenário era desolador. As atividades na fábrica estão interrompidas e só devem ser retomadas em cerca de 10 dias, depois que for feita a limpeza do local. O município de Caieiras decretou estado de emergência. Pelo menos cinco bairros foram alagados. O prefeito, Roberto Hamamoto, diz que a cidade ficou ilhada e nem os funcionários da Prefeitura chegaram ao trabalho. Por isso, justificou, só às 17 horas de terça a população começou a receber apoio.

O maior entreposto da América Latina, a Ceagesp, inundada na terça-feira, teve de jogar no lixo 70 toneladas de melância s e abacaxis. Foi a segunda vez no ano que o galpão inundou.

O governo do estado admitiu que o Rio Tietê transbordou, fechando a Marginal Tietê e interrompendo o tráfego de pelo menos quatro rodovias, porque uma bomba parou de funcionar no Rio Pinheiros, reduzindo em 25% a vazão de água no Tietê. O conserto deve demorar 10 dias e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) afirmou que a manutenção não falhou. Antonio Bolognesi, diretor da empresa, disse que a falha foi um azar.
Barreiras nas estradas

Quase 24 horas após cessar a chuva que causou sete mortes, São Paulo ainda registra deslizamentos de terra nas estradas. Na manhã desta quarta-feira, uma enorme cratera se abriu no trecho Oeste do Rodoanel , na altura do km 16, na altura de Barueri. Duas das quatro faixas tiveram de ser interditadas. Na região de Itapevi, uma encosta desmoronou no começo da tarde, por volta de 13h20m, e interditou a pista sul da Rodovia Coronel Nelson Tranchesi (SP-029), que leva a Cotia.

Um dos principais acessos ao litoral norte do estado, a Rodovia Mogi Bertioga está totalmente interditada nos dois sentidos, desde a noite de terça. A terra deslizou na altura do km 89 e tomou cerca de 150 metros da pista. Pedras, árvores e terra ficaram sobre o asfalto. O desvio pela Rodovia dos Tamoios representa um acréscimo de cerca de 100 km na viagem. A Dersa informou que foi iniciada a remoção do material da pista e que avalia as medidas necessárias para solucionar o problema. A expectativa da empresa é de liberar a estrada até a próxima semana.

Na noite de terça, caiu barreira também sobre parte da Rodovia Monteiro Lobato, a SP-050, que liga as cidades de Campos do Jordão e São José dos Campos. Conhecida como estrada antiga de Campos do Jordão, a rodovia é sinuosa e sem acostamento. O trânsito está sendo desviado.

Em São Luiz do Paraitinga, houve quedas de barreira durante a noite e o único acesso para o distrito de Catuçaba foi bloqueado, deixando mil pessoas ilhadas durante 11 horas. Além disso, o Rio Paraitinga está bem acima do nível e os moradores agora torcem para que não volte a chover no muni0cipio. O nível do rio subiu dois metros e há risco de enchente.

Em Bauru, a força da água dividiu uma estrada ao meio por causa das chuvas desta terça-feira. A tubulação que passa por baixo da Rodovia Antonio Rosset cedeu e abriu um buraco de 30 metros de comprimento e três de profundidade. Um cinegrafista amador registrou a cena."

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