quarta-feira, 10 de março de 2010

DEMÉTRIO MAGNOLI - AINDA NO TEMPO DO REINADO?


Quando um "sábio" usa sua rudez e ignorância para atingir alguém.

O universo jornalístico se deparou, nesta terça-feira, com um artigo de Demétrio Magnoli extremamente ofensivo, agressivo, grosseiro, contra dois repórteres da Folha de São Paulo. O mais estarrecedor é que o artigo foi publicado na própria... Folha de São Paulo. Está certo que Magnoli é um dos meninos queridos do Instituto Millenium, e que só está seguindo a orientação (vocalizada por Arnaldo Jabor, mas certamente difundida por todos os "sócios" deste novo Ipes) de aumentar a agressividade, mas a Folha desta vez perdeu as estribeiras. Publicar uma grosseria contra seus próprios repórteres mostra-se não apenas uma odiosa intimidação ao trabalho livre da imprensa, de sua própria imprensa;  é também uma indesculpável deslealdade.

Magnoli só agiu assim porque eram dois repórteres modestos, não-famosos. Seria mais honrado se ousasse atacar nominalmente o colunista Elio Gaspari, que escreveu um texto muito mais pesado contra a fala de Demóstenes Torres do que a matéria dos repórteres da Folha. De qualquer forma, o terno de Gaspari também deve estar molhado com os perdigotos de Magnoli.

Tudo isso para quê? Por quê? Leandro Fortes dá algumas pistas, e eu também procuro entender por aqui. Recapitulando: durante os debates no Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade ou não das cotas raciais, o senador Demóstenes Torres, do DEM, partido que desde o início se posiciona contra as políticas afirmativas, fez um discurso absolutamente imbecil, regurgitando as interpretações mais vulgares da obra de Gilberto Freyre. Eu tenho o orgulho de ter lido mais de uma vez a magistral obra-prima Casa Grande & Senzala, e sei que o senador disse uma ciclópica asneira. Freyre é sarcástico, de uma ironia às vezes excessiva ao tratar de fatos tão trágicos como o vício do estupro dos senhores de engenho. Mas é ironia, e toda a maravilhosa coesão estética da obra freyriana é sustentada por este humor brutal, cáustico, severino. Ouvir Torres falar em "sexo consensual" entre senhores e escravos, citando a obra do grande antropólogo pernambucano, é de revirar o estômago. O senador só falou besteira, e o termo besteira seguramente é um eufemismo para lá de bondoso para se referir a seu discurso. O que ele quer dizer quando afirma que os próprios africanos participaram do processo de escravização de seus semelhantes? Que as crianças negras de hoje tem culpa no cartório?

E agora, o senhor Demétrio Magnoli, usa as páginas da Folha como quem adentra um botequim sujo e, qual um bêbado furioso, começa a vociferar descontroladamente contra quem se posicionou contra as impropriedades do senador Demóstenes Torres.

A única explicação possível para a violência de Magnoli é o cerco político em que se viu a oposição nas últimas semanas, e que, com a desmoralização de Torres, despertou a fúria de um demônio acuado. Magnoli,  contratado como pitbull midiático, foi adestrado para morder seus adversários. Parece-me, no entanto, que este que se acreditava um terrível Cérbero começa a ficar precocemente desdentado e confuso, e atacar os empregados do próprio dono.
copiei do blog Oleo.

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