terça-feira, 30 de junho de 2009

30 de junho de 2009
ED MURROW: "A FRONTEIRA ENTRE A INVESTIGAÇÃO E A PERSEGUIÇÃO É UMA LINHA TÊNUE"! Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP de sábado, 27/06: Ken Starr e Joseph McCarthy. 1. Hoje os registros de escândalos políticos são feitos com imagens, vozes e documentos gravados, multiplicáveis ao infinito. Investigados e investigadores são atores deste drama. As pessoas e meios de comunicação podem ser parte desses processos, investigando, denunciando ou opinando. A luminosidade dada a certos fatos, destacando os que investigam, denunciam e acusam, algumas vezes os atrai para o "estrelato" e o objetivo passa a ser a autoexaltação. 2. Dois documentários tratam de situações desse tipo. Um deles, "A Caça ao Presidente", de H. Tomason e N. Perry, é sobre o promotor que tratou por anos de escândalos com Clinton. O outro, "Os Anos McCarthy", especial da CBS com Walter Cronkite, é sobre o embate entre o legendário jornalista Ed Murrow e o senador McCarthy. No primeiro, a "estrela" era o promotor Ken Starr, investigador pleno da vida de Clinton, das amantes até o caso Whitewater (um negócio imobiliário do qual os Clinton participaram). A busca desesperada por depoimentos terminou com polpudas indenizações às "namoradas", com um suicídio e a condenação a dois anos de prisão de quem nada tinha a ver com nada. 3. O senador Joseph McCarthy (1950 e 1954) abriu fogo contra tudo e todos os que poderiam ter qualquer relação com o que ele entendia por comunismo. Ed Murrow -com seu foco no detalhe- destacou dois casos de pessoas simples incluídas pela mente doentia de McCarthy: um tenente expulso da Aeronáutica; uma servente que teria trabalhado no setor de decodificação do Pentágono. Ed Murrow desintegrou as duas acusações, gerando uma solidariedade ampla com os acusados ("poderia ser qualquer um de vocês"). 4. O tenente foi readmitido. A servente não havia trabalhado no setor -era homônima. Desmoralizado nos dois casos, McCarthy declina e termina denunciado pelos excessos, no próprio Senado. Ed Murrow, na última locução sobre o caso, olhando como sempre para a câmera, em diagonal, de baixo para cima, arrematou: "A fronteira entre a investigação e a perseguição é uma linha tênue". Anos depois, essa mesma máxima serviu para vestir Ken Starr.

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